A Carta de Um Pai

Já faz algum tempo que Eu não ouço a sua voz... Sinto muito a sua falta, mesmo sabendo que você finge ser um filho que Me ama... Já percebi que você sempre foi assim e que nunca mudou de verdade, desde pequeno, mas sempre te amei.

Você sempre teve muita raiva e resolveu fingir para que as pessoas te amassem, mas lá no fundo, você sempre foi uma pessoa frustrada. Você vive irritado com a vida, pelo fato de que não nasceu em uma família perfeita e tem que suportar ver as outras pessoas viverem uma vida que, aparentemente, é melhor do que a sua. Você fingia não se importar com isso, mas na verdade nunca aceitou o fato de que Eu deixei tudo isso acontecer com você bem debaixo do Meu nariz.

Você tem raiva de tudo e de todos, principalmente por achar que ninguém lhe entende. Por isso, você sempre procurou alguém que se parecesse com você, que sentisse essa mesma raiva que você sente e, quando encontrava, se apegava a esse alguém.

Recentemente você se apegou a essa coisa que tem te usado e tirado a sua pureza. Isso tem te machucado e magoado, além de atingir sua família, seus entes queridos, seus amigos e, acima de tudo, Eu. Mas você alegremente aceitou esse caminho. É como se você tivesse finalmente encontrado uma maneira de por para fora toda aquela raiva que estava dentro de você e, ao mesmo tempo, ferir a todos que o amam.

Mas ainda assim, aqui estou Eu, te escrevendo... Você me fez seu Pai e nunca vou deixar de sê-lo. Sempre serei seu Pai, não importa o que você fez, faz ou ainda vai fazer.

Sim, Eu estou ferido por tudo que você fez e ainda faz, sempre com o intuito de Me envergonhar...

Agora tudo o que Me resta é esperar pelo que você fará de agora em diante.